ATA DA DÉCIMA TERCEIRA SESSÃO SOLENE DA TERCEIRA
SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA SEGUNDA LEGISLATURA, EM 18.05.1999.
Aos dezoito dias do mês de
maio do ano de mil novecentos e noventa e nove reuniu-se, no Plenário Otávio
Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às dezenove
horas e oito minutos, constatada a existência de “quorum”, o Senhor Presidente
declarou abertos os trabalhos da presente Sessão, destinada à entrega do Título
Honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao Frei Irineu Costella, nos termos do
Projeto de Lei do Legislativo nº 174/98 (Processo nº 3402/98), de autoria do
Vereador Juarez Pinheiro. Compuseram a Mesa: o Vereador Nereu D’Ávila,
Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre; o Senhor Raul Pont, Prefeito
Municipal de Porto Alegre; o Frei Irineu Costella, Homenageado; o Vereador
Juarez Pinheiro, 1º Vice-Presidente deste Legislativo, na ocasião, Secretário
“ad hoc”. A seguir, o Senhor Presidente convidou a todos para, em pé, ouvirem a
execução do Hino Nacional e concedeu a palavra aos Vereadores que falariam em
nome da Casa. O Vereador Juarez Pinheiro, em nome da Bancada do PPS, declarou
ser o Homenageado um dos ícones de Porto Alegre, por sua personalidade
respeitável, agregadora e caridosa, destacando o trabalho por ele realizado em
favor dos idosos e da população mais excluída da sociedade. Após, o Coro
Masculino 25 de Julho, regido pelo Maestro Agostinho Ruschel, interpretou a
música “Minha Querência”. Ainda, como extensão da Mesa, foram registradas as presenças
dos Senhores Dom Eduardo, Bispo Auxiliar Metropolitano; Rosina Mattielo
Costella, mãe do Homenageado; Frei José Felisberto, representante do
Vice-Prefeito Municipal; Mara Sasso, representante da Secretaria Estadual de
Educação; Maria Helena Borges, Vice-Presidente da Associação de Proteção do
Idoso. O Vereador Isaac Ainhorn, em nome da Bancada do PDT, afirmou que o Frei
Irineu Costella possui a capacidade de transformar os princípios teóricos de
amor ao próximo em prática no seu dia-a-dia, ressaltando a credibilidade e
seriedade da atuação de Sua Senhoria, alicerçada nos princípios do respeito e
solidariedade social. Na oportunidade, o Senhor Presidente registrou a presença
de representantes do Grupo Renovação Cristã do Brasil e o recebimento de Ofício
referente à solenidade, de autoria da direção da Escola de Educação Básica
Rainha do Brasil. O Vereador Luiz Braz, em nome da Bancada do PTB, elogiou a
iniciativa da concessão do Título hoje entregue, salientando ser a vida de Frei
Irineu Costella um grande exemplo a ser seguido por todos nós e lembrando
lições aprendidas no convívio com o Homenageado. Na ocasião, o Senhor
Presidente registrou o recebimento de telegramas alusivos à presente
solenidade, de autoria do Secretário Municipal do Meio Ambiente e do
Procurador-Geral da Justiça. A Vereadora Maristela Maffei, em nome da Bancada
do PT, citando passagens do livro da Campanha da Fraternidade deste ano,
apontou a alegria, felicidade e
coragem do Homenageado na construção de uma sociedade
mais humana e justa, recordando a partilha do pão, promovida pelo Frei, como
símbolo de solidariedade e de uma vida nova. O Vereador João Carlos Nedel, em
nome da Bancada do PPB, pronunciou-se sobre a vocação do Homenageado para o
sacerdócio, sublinhando sua audácia e disposição como realizador de projetos
culturais e sua preocupação incansável, como pároco e cidadão, com os problemas
da comunidade. O Vereador Fernando Záchia, em nome da Bancada do PMDB, enfatizou
o reconhecimento à figura do Homenageado, pelo sentimento cristão nas obras que
efetua, afirmando que as pessoas o vêem como um homem bom e justo, pelo seu
engajamento nas causas sociais e pelo seu trabalho com as crianças e idosos. O
Vereador Carlos Alberto Garcia, em nome da Bancada do PSB, discorreu a respeito
de sua convivência com a Paróquia de Santo Antônio e observou a capacidade
agregadora do Frei Irineu Costella na luta por uma sociedade mais justa e
fraterna. O Vereador Reginaldo Pujol, em nome da Bancada do PFL, descreveu o
espírito de solidariedade, humanismo e caridade do Homenageado, expressando sua
alegria em tê-lo como um dos membros da galeria de Cidadãos de Porto Alegre e
enaltecendo sua forma de evangelizar com amor, sorriso e coração aberto. Na
oportunidade, o Coro Masculino 25 de Julho, regido pelo Maestro
Agostinho Ruschel, interpretou as músicas “Heimat” e “Ay Aguita de My Tierra”.
Após, o Senhor Presidente concedeu a palavra ao Senhor Arlindo Malmann, membro
do Coro Masculino 25 de Julho, que discorreu a respeito da música “Heimat”. Também,
o Senhor Presidente convidou o Vereador Juarez Pinheiro e o Prefeito Raul Pont
para procederem à entrega, respectivamente, do Diploma e da Medalha referentes
ao Título Honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao Frei Irineu Costella e,
após, concedeu a palavra ao Prefeito Raul Pont, que, em nome do Governo
Municipal, parabenizou o homenageado e declarou ser o título a expressão do
reconhecimento pelo trabalho realizado pelo homenageado em prol da Cidade.
Após, o Senhor Presidente anunciou as presenças dos ex-Vereadores João
Severiano e Hermes Dutra e concedeu a palavra ao Frei Irineu Costella, que agradeceu
o Título recebido deste Legislativo. A seguir, o Senhor Presidente convidou os
presentes para, em pé, ouvirem à execução do Hino Rio-Grandense, para participarem
de coquetel a ser realizado a seguir e, nada mais havendo a tratar, declarou
encerrados os trabalhos às vinte e uma horas e quinze minutos, convocando os
Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os
trabalhos foram presididos pelo Vereador Nereu D’Ávila e secretariados pelo
Vereador Juarez Pinheiro, Secretário “ad hoc”. Do que eu, Juarez Pinheiro,
Secretário “ad hoc”, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída
em avulsos e aprovada, será assinada pelos Senhores 1º Secretário e Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Nereu D’Ávila): Estão abertos os trabalhos da presente
Sessão Solene, destinada a homenagear o Frei Irineu Costella. Convidamos para
compor a Mesa o Prefeito Municipal de Porto Alegre, Sr. Raul Pont e o
homenageado, Frei Irineu Costella.
Convidamos
todos os presentes para, em pé, ouvir o Hino Nacional.
(Executa-se
o Hino Nacional.)
Nós
queremos registrar a nossa satisfação por estarmos reunidos nesta Sessão Solene
para homenagearmos uma das figuras mais carismáticas e queridas, não só do
Partenon, mas de toda a nossa Cidade e, naturalmente, pelos meios de
comunicação de todo o Rio Grande.
Por
isso, Frei Irineu, a sua simpatia e carisma que sempre nos proporciona, quando
nos traz pães nas datas muito gratas, não são somente gestos humanitários e
pertinentes à Igreja e a Santo Antônio, mas gestos fraternais recomendados pelo
próprio Cristo.
Assim,
a nossa mais esfuziante simpatia ao que hoje é dado a esta personalidade, já
consagrada, da nossa Cidade e, dentro da sua humildade de frei, de apóstolo da
Igreja, é também um comunicador emérito e uma pessoa que com todos se
relaciona. Hoje a Câmara está
engalanada com este Título que, em tão boa hora, o nosso 1º
Vice-Presidente da Casa Ver. Juarez Pinheiro concedeu a S. Sa.
O
Ver. Juarez Pinheiro está com a palavra, falará também pela Bancada do PPS.
O SR. JUAREZ PINHEIRO: Sr. Presidente da Câmara Municipal de
Porto Alegre, Ver. Nereu D’Ávila; Exmo. Sr. Prefeito Municipal de Porto Alegre,
Raul Anglada Pont, quero aqui saudar uma pessoa especial que representa a
autoridade maior religiosa, que veio trazer o abraço ao Frei -, que tem um
compromisso já agendado, anteriormente, mas que cedeu e nos deu a honra de
estar aqui neste momento, trazendo também o abraço do centro da Igreja ao nosso
homenageado - que é o Dom Eduardo, que é o Bispo auxiliar de Porto Alegre.
(Palmas.)
Querido
Cidadão de Porto Alegre, Frei Irineu Costella, senhoras, senhores, Senhores
Vereadores, Senhoras Vereadoras, pessoas que gostam de Santo Antônio, devotos
de Santo Antônio, Paróquia de Santo Antônio no Partenon, meus pais, Armando e
Iolanda. Há uma semana obriguei-me, por uma razão triste, a citar um poeta que
dizia que há dias de muitos dias e dias de dia nenhum. Aquele era um dia
triste, um dia de reflexão. Mas nada como um dia depois do outro, e a vida é
mesmo uma roda gigante, às vezes a gente está em cima, às vezes a gente está em
baixo. Hoje, eu digo que para Porto Alegre hoje é um dia de muitos dias. Um dia
deslumbrante, um dia esfuziante, porque Porto Alegre já tem a sua marca, não só
em nível estadual, em nível nacional, mas além fronteiras, como a Cidade onde o
coletivo prevalece sobre o individual. E o Frei Irineu Costella é um dos ícones
dessa idéia, a sua personalidade agregadora, a sua personalidade carinhosa,
afetiva, mas também os seus punhos de ferro para fazer uma obra que transcende
a questão da sua pastoral, que transcende a sua Paróquia e já comunicou isso ao
Prefeito, junto com os paroquianos da Igreja de Santo Antônio do Partenon, em
breve entregará a esta Cidade, nada mais nada menos do que cinco casas de
passagem para idosos, possivelmente na entrada do novo milênio Porto Alegre
receberá já estas instituições, mercê do trabalho que ele capitaneia, mas junto
com os paroquianos, junto com todos os devotos de Santo Antônio. Mais uma vez
volto a esta Tribuna, e volto com a alegria renovada, alegria que vem inclusive
dos versos do poeta quando trata da vida temporal e pastoral, na expressão
consagrada: “Tudo vale a pena quando a alma não é pequena.” Quinhentos anos
depois da Carta em que os colonizadores
europeus descreveram a beleza, as riquezas do Brasil, é também por carta
que nos chegam mais denúncias sobre dívidas sociais. Dívidas que atingem à população brasileira.
Dívidas, sobre as quais assumimos compromissos de superá-las. Assim agimos,
também motivados pela fé que nos convoca a remover montanhas da ignorância, da
indiferença para com o nosso povo, que vive numa situação intolerável de
sofrimento, de dor. Assim agimos, também motivados por um novo milênio que
queremos muito diferente deste que agora se encerra.
É
neste contexto que propomos à essa Egrégia Câmara a outorga do título
honorífico de Cidadão de Porto Alegre, ao Frei Irineu Costella. Afinal é do
púlpito, é pela televisão, é pelos caminhos do mundo que o Frei Irineu Costella
tem pregado e agido contra tais dívidas, que as elites dominantes impuseram ao
povo brasileiro em cinco séculos de dominação. Dívidas que se materializam no
desemprego, nos salários indignos, nos sem-terra, no abandono das crianças
pelas ruas. Dividas que persistem na fome torturante, no extermínio dos povos
indígenas. Dividas que se expressam nos sem-teto, na discriminação dos
migrantes, no sucatamento dos serviços de saúde, da educação, na precariedade
dos serviços urbanos, nas agressões ao meio ambiente. Dividas que se fortalecem
na violência cotidiana, nas distorções veiculadas pelos meios de comunicação de
massa. Não precisamos aqui indicar quantos são os “não-lembrados”. Basta a
existência de uma única criança abandonada para aumentar a nossa indignação. E
aumentar a nossa luta contra a concepção excludente que domina a sociedade
brasileira, campeã mundial da desigualdade social.
É
nessa luta, de opção pelos pobres, que se insere também o nosso homenageado de
hoje. Hoje, aqui, homenageamos o eminente cidadão, conhecido e reconhecido professor pelo didatismo de
estilo. Homenageamos o respeitado religioso, o homem de trabalho comunitário,
Frei Irineu Costella.
Certo,
Ver. Isaac Ainhorn, que coube-me a satisfação da lembrança para elaborar o
Projeto de Lei concedente do Título e também da elaboração da Exposição de
Motivos. Mas certo e muito mais certo, que coube a esta Câmara, de forma
unânime, ou seja, com a anuência de
todos os Vereadores outorgar o título de Cidadão Honorífico de Porto Alegre a
essa personalidade que tanto nos sensibiliza e agrada.
O
frei Irineu é filho de Dovílio e Rosina Matiello Costella. Há trinta e sete
anos ingressou no Seminário Santo Antônio da Vila das Flores. Nasceu no ano de
1950 - há uma dúvida se no município de Fagundes Varela ou se naquele nominado,
há pouco, por mim - , foi ordenado
sacerdote dez anos depois no mesmo seminário. Desde 1987 é professor de
Teologia Pastoral na Escola Superior de Teologia e Espiritualidade Franciscana.
De 1984 a 1996 foi professor de teologia na PUC. Estudou em Roma de 1981 a
1983, cursando Teologia Pastoral na Pontifícia Universidade Lateranense. Desde
1986 é pároco da Paróquia de Santo Antônio do Partenon. Todas as terças-feiras
a igreja recebe grande número de devotos e peregrinos que vão agradeder às
graças recebidas e renovar seus compromissos com Cristo. É da tradição
distribuir os pãezinhos bentos, conhecidos como pãezinhos de Santo Antônio. No
dia 13 de junho, se realiza a festa de Santo Antônio, que mercê da inserção
desta Câmara de Vereadores e da aceitação do Sr. Prefeito Municipal, Raul Pont,
que hoje nos honra com a sua presença neste parlamento, está incluída no
calendário de eventos oficiais desta Cidade.
Na
Paróquia, é conhecido o labor de trabalhadores rurais na denominada oferta de
hortigranjeiros da Paróquia de Santo Antônio. Trata-se da produção de dez
famílias do assentamento de Eldorado do Sul, com apoio da Paróquia e da
Fundação Gaia e Projeto Lumiar.
Peço
vênia para referir sobre a personalidade agregadora do Frei Irineu mais dois
aspectos do seu trabalho voltado para o bem comum: um sobre o idoso, outro
sobre o trabalho social.
Quanto
ao primeiro, há um trabalho para refletir as questões pertinentes à terceira
idade - que hoje em grande número, de forma hegemônica, veio aqui homenagear o
Frei Irineu -, onde se destacam a equipe, a comunidade, na busca de caminhos
para responder às necessidades apresentadas pelos idosos, para que se abram
espaços adequados para seus encontros, revitalizando os grupos já existentes,
ou criá-los, entrosando-os com a Pastoral dos Enfermos, a Pastoral da Saúde, a
Pastoral Social e a Pastoral Familiar. Oportunas as palestras com temas
relativos à terceira idade, tais como atividades manuais, sociais, físicas,
direitos e deveres, culinária, prevenção da saúde via plantas medicinais, por
exemplo. Oportunas as palestras para os idosos sobre questões sociais, físicas, afetividade, espiritualidade. Seja
lembrado, também, o dia do idoso, dos avós, das mães, dos pais, e aniversários.
Celebram-se, para os idosos, missas especiais, com o Sacramento da Unção dos
Enfermos. Oportuna a referência sobre
valorização do idoso, ocupando-o e tornando-o útil com vista à sua integração
na sociedade. Peço vênia, para citar a Maria Helena que hoje representa a
Associação de Proteção do Idoso com vários de seus membros aqui presentes e seu
esposo Erni Borges, com certeza, estará nos escutando, porque tudo está sendo
gravado e será reproduzido, inclusive, no programa voltado para os idosos.
Os
idosos devem ser considerados e valorizados, pois representam um acervo
incomparável de experiências: existencial, familiar, profissional, de relação
humana e cidadania. Se impõe despertar nas famílias o sentido da acolhida e do
respeito ao idoso, valorizando sua experiência de vida.
No
que se refere ao trabalho social, como afirma o Plano da Pastoral: “Não há
evangelização sem transformação social.” Não esquecer que a Pastoral Social é
prioridade, para tanto, existe equipe que promove a integração com as demais
pastorais.
Na
Arquidiocese há uma preocupação permanente por uma pastoral encarnada na
realidade concreta, no espírito e na prática da opção preferencial pelos
pobres, promovendo constantemente os agentes da Pastoral Social.
Os
agentes da Pastoral Social promovem encontros em nível paroquial; e se
comprometem com as realidades sociais dos mais empobrecidos. Incentivam a
integração das Pastorais Sociais com a Ação Social Arquidiocesana e Paroquial.
As
diversas realidades sociais de exclusão e marginalização do nosso povo exigem
de todos nós uma opção pastoral com compromisso permanente com a transformação.
A
Pastoral Social fomenta nas pastorais e serviços a mística da opção
preferencial pelos pobres, promovendo iniciativas de organização e defesa dos
mais necessitados.
Criam-se
condições para que os leigos se formem, segundo a Doutrina Social da Igreja, e
possam atuar com licença nos diversos setores da sociedade, colaborando na
construção da verdadeira democracia.
A
Pastoral Social da Arquidiocese deveria conscientizar a sociedade sobre a
cosmovisão cristã dos problemas sociais.
O
anúncio e a denúncia apenas em palavras não levam a nada. Importa é a ação
comprometida, porque a “fé sem obras é morta” (Tiago, capítulo II, versículo
17).
Assim
a Pastoral é no sentido de não só falar dos pobres e para os pobres, mas
testemunhar a pobreza entre eles com a vida. Atuar sempre junto à grande massa
dos excluídos e dos trabalhadores, visando a atingi-los e a organizá-los.
Continuar sempre com novo ardor, suscitando esperança no povo, apesar da
difícil situação em que vivem. Continuar estabelecendo contatos, ocupando
espaços oferecidos pelos órgãos públicos, participando da Ação da Cidadania,
comissões municipais e centros comunitários.
Finalizando,
entendo, Frei Irineu Costella, que hoje é um dia luminoso para esta Cidade. V.
Sa. tem ao seu lado o Chefe do Poder Legislativo, o Chefe do Poder Executivo;
tem ao seu lado os paroquianos que convivem com V. Sa. no dia-a-dia; tem ao seu
lado autoridades, as mais variadas que, por força de não ter recebido a
relação, é tamanho o afluxo de pessoas representativas da sociedade de Porto
Alegre, fico impedido de citá-las, e por isso peço vênia.
Finalizando,
aqui, incorporo uma lembrança de Bertold Brecht quando trata das pessoas. É um
poema, título que todos conhecem: Os que lutam.
“Há
aqueles que lutam um dia; e, por isso, são bons; / Há aqueles que lutam muitos
dias; e, por isso, são muitos bons; / Há aqueles que lutam anos; e são melhores
ainda; / Porém, há aqueles que lutam toda a vida; esses são os
imprescindíveis.”
E
o nosso homenageado de hoje, Frei Irineu Costella é imprescindível. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Queremos citar aqueles que são
considerados extensão da Mesa, e saudá-los pela sua presença: Sra. Rosina
Mattielo Costella, mãe do homenageado; Frei José Felisberto, representante do
Vice-Prefeito; Dom Eduardo, Bispo Auxiliar Metropolitano, que pede desculpas,
pois não vai ficar toda a solenidade; Sr. Vilmor Carbonera, Prefeito Municipal
de Vila Flores; Profa. Mara Sasso, representando a Secretaria Estadual da
Educação; Sra. Maria Helena Borges, Vice-Presidente da Associação de Proteção
ao Idoso; demais familiares e convidados do homenageado.
Neste
momento assistiremos a apresentação do Coro Masculino 25 de Julho, regido pelo
maestro Agostinho Ruchel, que interpretará a música “Minha Querência”.
(Apresentação
do Coro Masculino 25 de Julho. )
Com
a palavra o Ver. Isaac Ainhorn que falará em nome da sua Bancada, PDT.
O SR, ISAAC AINHORN: Sr. Presidente, Srs. Vereadores. (Saúda
os componentes da Mesa e demais presentes.) Neste momento falo em nome do meu
partido, PDT, procurando expressar não só o sentimento deste Vereador, mas do
conjunto dos seus Vereadores: Presidente desta Casa, Nereu D’Ávila; Ver. Elói
Guimarães; Ver. João Bosco Vaz.
É
este momento, Frei Irineu Costella, uma situação extremamente singular a
outorga deste título ao Senhor. E o Senhor consegue, às 19h40min, forjar uma
presença singular nesta Casa. Eu já tenho alguns anos de Câmara Municipal, já
assisti a mais de uma centena de Sessões Solenes, mas o Senhor conseguiu, sem
poder, sem governo, sem mando, trazer uma tão significativa e representativa fatia da nossa Cidade que lota esta Casa na noite de hoje. Nesta
iniciativa rápida, que tramitou em caráter de urgência-urgentíssima nesta Casa.
Os Vereadores dispõem da possibilidade da apresentação de um título por ano, e
o Ver. Juarez Pinheiro, autor dessa iniciativa, apresentou a sua proposição em
forma de Projeto de Lei, no dia 08 de dezembro de 1998, e, em tempo recorde, em
sete dias, transformou a sua proposta individual numa proposta coletiva dos
trinta e três Vereadores desta Casa. Não conheço uma situação de aprovação tão
rápida como esta, porque o Senhor, Frei Irineu, é uma unanimidade nesta Cidade,
o Senhor granjeou simpatia, admiração pelo seu trabalho. Certamente, no
desenvolvimento de seu trabalho, na sua formação intelectual e filosófica, formado
em Filosofia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, pela sua formação
em Teologia na PUC, pelos cursos que fez em Roma, o Senhor poderia, quem sabe,
desenvolver trabalhos numa esfera de erudição maior, mas, no entanto, optou -
talvez, como a simplicidade da Ordem que o Senhor elegeu - preferiu ficar bem
próximo e junto ao seu rebanho. É ali que o Senhor poderia e pôde,
efetivamente, realizar esse trabalho que lhe granjeou admiração e respeito da
Cidade de Porto Alegre, e, diria, com absoluta tranqüilidade, de todo o Estado
do Rio Grande do Sul. Por isso queremo-nos irmanar nesta grande homenagem que
lhe é prestada, quando a Cidade de Porto Alegre, por uma Lei Municipal lhe
outorga o título de Cidadão de Porto Alegre. Confesso que não resisti à vontade
de me manifestar na condição de Líder da Bancada do PDT, talvez outros colegas,
por exemplo, o Ver. Elói Guimarães, pudessem expressar com mais brilho a
posição da nossa Bancada, da nossa satisfação por estarmos presentes nesta homenagem ímpar e singular.
Depois
desta homenagem, vou estar presente na apresentação de um livro sobre a
presença de Dom Pedro II, em 1876, na Terra Santa, em Jerusalém. Saio daqui
para assistir à apresentação dessa obra lançada hoje na Cidade de Porto Alegre.
Não resisti à vontade de estar presente aqui, em primeiro lugar, porque o
conheci há muitos anos, nesse trabalho de “formiguinha”, de construção diária,
lá, junto com a Maria Helena e o Eni Borges, naquela ocasião tive a
oportunidade de conhecê-lo e gradualmente o Senhor foi conquistando, com seu
trabalho, a credibilidade, pela seriedade dos propósitos, sempre se dispondo a
desenvolver um trabalho de amor ao próximo, de amparo ao idoso, alicerçado nos
princípios de respeito e solidariedade social. O Senhor é efetivamente a
encarnação dessa personagem cristã que transforma aqueles princípios teóricos
em ação prática no seu cotidiano de amor ao próximo. Parabéns, Frei Irineu Costella, hoje a Cidade se orgulha por tê-lo
definitivamente como cidadão de Porto Alegre que já era de fato e, hoje, é de
direito. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Registro o recebimento de um Ofício da
Escola de Educação Básica Rainha do Brasil, parabenizando esta Casa e ao
homenageado Frei Irineu Costella.
Registro
também a presença de representantes do Grupo Renovação Cristã do Brasil.
O
Ver. Luiz Braz está com a palavra e falará em nome do PTB - Partido Trabalhista
Brasileiro.
O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda
os componentes da Mesa e demais presentes.) Quero aproveitar a oportunidade
para cumprimentar o Ver. Juarez Pinheiro pela felicidade que teve ao propor
esta homenagem a este homem magnífico, que é o Frei Irineu Costella. E quero
cumprimentar a todos os senhores e senhoras, podendo resumir esta minha vontade
de apertar a mão de cada um e de dizer o nome de cada um, numa personagem que
eu muito admiro, lá no Morro Santo Antônio, e que foi Vereador desta Casa
durante muito tempo, o meu amigo Hermes Dutra, que tenho o privilégio de estar sentado
ao seu lado.
Senhoras
e senhores, eu vivi durante muito tempo no Morro Santo Antônio, durante dez
anos. Ali criei os meus filhos, vivendo ao lado de minha família, ali fiz
muitos amigos e tive a felicidade de trabalhar ao lado desses amigos, tentando
fazer alguma coisa pela minha comunidade.
Eu
fui criado como católico, porque meus pais eram católicos. Meu pai, até hoje,
ainda canta em uma Igreja, aos 84 anos. Mas, a vida não propiciou que eu
pudesse continuar como católico, pois acredito que católico é aquele que vai em
todos os cultos, que freqüenta sempre a Igreja, que está sempre presente em
todos os atos da Igreja, que crê em todos os dogmas. Realmente, por todos estes
motivos e, até, por não freqüentar todos os dias a Igreja, eu participo de alguns
atos da Igreja, e, num desses atos, o responsável foi o próprio Frei
Irineu, não posso dizer que sou
católico, estaria mentindo se dissesse assim. Mas, ouvi uma frase do Frei
Irineu que faço questão de repetir. Ele disse: “Ser cristão é ter fé; fé em
Cristo, fé no Evangelho, fé em Deus”. Posso dizer, com absoluta certeza, Frei
Irineu, que sou cristão. Tenho fé em Cristo, tenho fé no Evangelho, tenho fé em
Deus. Se entrarem, neste exato momento, no meu gabinete, aqui na Câmara
Municipal ou se entrassem, no ano passado, quando era eu Presidente da Casa, no
gabinete da Presidência da Câmara, iriam encontrar, como vão encontrar
agora, a imagem de Santo Antônio, que
me foi dada pelo Frei Irineu, e que conservo até hoje e faço questão que ela
esteja ao meu lado. Se entrarem no meu gabinete, vão notar que ao lado da mesa,
para que possa fazer a leitura todos os dias, está a Bíblia. Muito embora, não
seja um conhecedor profundo do Evangelho, faço questão de tentar conhecê-lo
mais e mais. Aliás, uma das pessoas que me fez compreender esse Evangelho,
muitas vezes discuti com ele as minhas dúvidas, que são muitas, foi o Frei
Irineu. Ele compareceu, várias vezes, onde morávamos e esclareceu a todos sobre
as dúvidas que tínhamos a respeito do Evangelho, a respeito da Bíblia, das
diversas passagens. Penso que é o seu primo, seu antecessor, Frei Afonso
Costella, uma pessoa de quem tenho uma grande recordação, porque foi quem me
propiciou o retorno ao convívio dos católicos e permitiu que eu participasse,
certa feita, de um encontro de casais. Frei Irineu, comungo dos seus
pensamentos: ser cristão é, realmente, ter fé, fé em Cristo e fé no Evangelho.
Gostaria que todos os homens pudessem ser cristãos, assim como o senhor ensina,
assim como o senhor age, como o senhor vive. Aliás, a sua vida é um grande
exemplo que todos nós devemos seguir, porque o senhor nos ensina a sermos
cristãos. Eu não acredito em homens que não têm fé em Deus, em Cristo. Eu
acredito que todos nós, para amarmos uns aos outros, para sermos solidários com
as pessoas, para trabalharmos em comunidade, temos que ter fé em Cristo, em
Deus. E eu posso dizer a todos que aprendi muito com Frei Irineu, aprendi a
reforçar a minha fé.
Hoje,
quando esta Casa, através da proposta do Ver. Juarez Pinheiro, está oferecendo
esse título, que é a maior homenagem que esta Casa pode prestar a qualquer
cidadão de Porto Alegre, sinto-me contente por estar incluído entre aquelas
pessoas que podem-se dizer suas amigas e que podem estar aqui dizendo que, por
causa dos seus ensinamentos, hoje, quem sabe, eu sou bem mais cristão do que já
fui algum dia. Sou muito mais solidário e quero pedir a Deus que eu possa
continuar seguindo os seus ensinamentos e que Ele lhe dê força e saúde para que
o senhor possa continuar ensinando a muitos outros que, como eu, têm que ter
alguém, como o senhor, para reforçar a sua fé.
Parabéns,
Frei Irineu, e seja muito bem-vindo a esse mundo dos Cidadãos de Porto Alegre.
Muito obrigado. (Palmas.)
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: A Vera. Maristela Maffei está com a
palavra, pela Bancada do PT.
A SRA. MARISTELA MAFFEI: (Saúda os componentes da Mesa.) Para mim
é um momento muito feliz, mas a responsabilidade é maior por representar a
minha Bancada. Todavia, quero dizer que me sinto muito à vontade porque, na
minha formação, assim como os Franciscanos, os Capuchinhos também fizeram
parte. Isso faz-me sentir muito orgulhosa, e eu queria, aqui, proferir algumas
palavras que estão, este ano, no livro da Campanha da Fraternidade, porque
olhando para o senhor, com esta luz que transcende de alegria, de entusiasmo,
de felicidade, posso dizer que feliz foi o meu companheiro Juarez Pinheiro por
este momento tão rico. Na revelação a realização do Projeto de Deus, para as
pessoas e a sociedade. Qualquer um ao percorrer a Sagrada Escritura, fica
impressionado com o realismo dos profetas na defesa do ser humano.
Especialmente do empobrecido, escravizado, e excluído. É o caso do Profeta
Isaías, ele denuncia um povo marcado pela religião, que a oração é falsa se não
vem acompanhada da justiça para com o poder. Portanto, se isso é verdade,
cristãos, ou não-cristãos, todos aqueles que tem boa fé, e assim a concretizam,
são filhos de Deus, porque na prática da vida realizam grandes obras. Com
linguagem contundente, Isaías, diz que Javé abomina as festas sagradas, o culto
religioso, os cânticos e as ofertas, quando as mãos dos que dele se aproximam
estão manchadas de sangue. Portanto, muitos que se dizem cristãos, nem sempre o
são. Ainda segundo Isaías, é soltar as algemas injustas, desatar as amarras das
cangas, dar liberdade aos oprimidos, despedaçar todo e qualquer jugo, repartir
o pão com os famintos. E eu quero, ainda, lembrando um dos mandamentos das
comunidades eclesiais de base, dizer que “formarás comunidades à luz da palavra
de Deus. Fiéis à oração, à prática da partilha e à solidariedade”. E eu lembrei do senhor, Frei Irineu, no IX
Encontro Eclesial de Base, quando de todos os cantos dos nossos estados, cada
pessoa que trazia, um pão. E naquele momento se realizava a partilha do pão. Um
momento profundo no pensamento, profundo na ação, porque quando lembrei do
senhor, que aqui, todos os anos nos traz o pão, vi que é muito mais o
significado de dar algo de presente, mas significa que nós temos a capacidade da
partilha. E se nós temos a capacidade da partilha, tanto mais nós podemos
partilhar e repartir. Repartir a terra, repartir o mel, repartir a
solidariedade da vida. Repartir no dia-a-dia o afeto, a ternura, e uma vida
nova. É assim que o vejo, Frei Irineu:
partilhando, construindo, sem egoísmo, desnudado de qualquer poder, e com
coragem. E a gente sabe que tem que enfrentar, muitas vezes até mesmo dentro da
hierarquia da Igreja, uma concepção de vida, de partilhar. Esse orgulho, com
certeza, cada um que aqui está traz dentro de si, porque senão não estariam
aqui. Muito mais do que ser Frei Irineu, é cada um de vocês, naquilo que cada
um de nós constrói e acredita ser uma sociedade mais humana. Onde o respeito e
a dignidade não podem ser trocados pelo lucro, porque o ser humano, homem ou
mulher, está acima disso. E se nós não temos essa capacidade é em vão estarmos
aqui nesta terra. E se Deus nos deu a oportunidade de sermos os seus filhos e
estarmos aqui na terra é porque temos um compromisso, aqui, de transformar esta
Cidade.
E
assim, Frei Irineu, com estas simples palavras eu queria-lhe fazer esta
homenagem, em nome da nossa Bancada e de todas aquelas pessoas que, com
certeza, acreditam numa sociedade nova. E, finalizando, quero repetir: eu não
acredito que o senhor fez, apenas, uma opção pelos pobres, porque não existem
pobres às vistas de Deus, existem empobrecidos e excluídos. E o Frei Irineu é
esta pessoa que caminha junto nessa estrada, para que na prática essas pessoas
se reencontrem com aquilo que eram ao nascer: dignos, humanos e bons. Muito
obrigada. (Palmas.)
(Não
revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE: O Vereador João Carlos Nedel está com a
palavra para falar em nome de sua Bancada, o PPB.
O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: (Saúda os componentes da Mesa.) Muito
querida Rosina Matiello Costella, mãe do homenageado, queridos e sempre
Vereadores Hermes Dutra e João Severiano, Sr. Vereadores, Sras. Vereadoras,
paroquianos e amigos do Frei Irineu Costella, esta Casa concede hoje a Frei
Irineu Costella o título honorífico de Cidadão de Porto Alegre, uma justa e
louvável proposição do prezado Vereador Juarez Pinheiro, aprovada por
unanimidade pelos Vereadores da Capital.
Desejo
então, em nome da Bancada do Partido Progressista Brasileiro, que tenho a honra
de compor juntamente com os dignos Vereadores João Dib e Pedro Américo Leal,
ratificar e reforçar o voto de aprovação que já demos, e dizer das razões pelas
quais o fizemos.
E
começo parafraseando o general Osório, para exaltar o fato de que “a batina não
abafa o cidadão no peito do sacerdote”. E sendo isso verdade, as preocupações
de natureza social e econômica que têm caracterizado a atuação e a pregação de
Irineu Costella, e que caberiam perfeitamente entre as próprias de qualquer
cidadão consciente, demonstram a qualidade e a estatura desse cidadão que é
também sacerdote, ou desse sacerdote que também é cidadão. Pois, como se já não
fossem por demais exigentes a missão, os compromissos e os deveres que decorrem
da sua condição de sacerdote, Frei Irineu, ainda encontra meios de preencher
espaços que são deixados abertos por aqueles que, alienados do próprio entorno,
não têm sensibilidade para as mazelas do mundo que os cerca. Seu trabalho,
nesse campo, foi amplamente destacado na Exposição de Motivos do Ver. Juarez
Pinheiro que justificou o Título. Por isso, desejo destacar, aqui, o sacerdote
Irineu Costella.
A
vocação para o sacerdócio é uma graça de Deus, que não encontra paralelo entre
todas que o homem pode receber. Ser chamado ao serviço de Deus, receber o
Sacramento da Ordem e dar continuidade à obra salvadora de Cristo, reveste o
sacerdote da condição especial de eleito entre os eleitos, e lhe dá como
principal responsabilidade a de pastor, guia e condutor de almas.
Muitas
vezes, fico pensando se, pessoalmente, teria eu a coragem necessária para ser
sacerdote e receber a honra de ensinar o Evangelho e ministrar os Sacramentos.
De que orgulho deve estar possuída a mãe de Frei Irineu nesse momento!
Frei
Irineu teve essa coragem e foi bem mais além.
E
hoje, estudioso, eclético em sua atuação e pregador de muitos méritos, Irineu
Costella é audacioso realizador de projetos pastorais e pároco incansável de
uma comunidade atenta e exigente.
Não
lhe faltam problemas com que se preocupar. Mas, em contrapartida, sobram lhe
boa-vontade e disposição para resolvê-los.
Tenho
certeza de que não são poucas as vezes em que se defronta com o dilema de
confrontar a pregação com a realidade. Mas, tenho igual certeza de que sempre
acaba superando as angústias de homem inserido no mundo com a sabedoria
inspiradora do Espírito Santo. E que busca na doutrina social da Igreja a
resposta para as inquietações seculares e no Evangelho de Cristo a orientação
para o caminho de sempre.
Mas,
se a sociedade reclama a presença do cidadão, a Igreja em seu sentido mais
amplo tem necessidade do sacerdote Irineu Costella.
É
por isso, então, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, que entendo que, mais do que
uma homenagem ao cidadão, o Título Honorífico que hoje concedemos ao Frei
Irineu Costella deve ser considerado, também, como um pedido ao sacerdote, no
sentido de que mantenha sua fidelidade à Igreja, conduzindo o povo de Deus pelo
caminho da salvação, segundo os ensinamentos do Evangelho de Cristo
Frei
Irineu, na semana de Pentecostes, peço que o Espírito Santo reforce seus dons
para que junto com as pessoas de boa-vontade renove a face da terra.
Parabéns,
Frei Irineu Costella, cidadão e sacerdote. E que Deus o abençoe. Muito
obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Fernando Záchia está com a palavra
pela Bancada do PMDB.
O SR. FERNANDO ZÁCHIA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores (Saúda
os componentes da Mesa e demais presentes.) Hoje, quando eu estava aqui na Casa
trabalhando, recebi um telefonema, que particularmente sempre me alegra, que é
o de minha mãe. Ela me dizia, contente,
que leu nos jornais que esta Casa, hoje, faria uma justa homenagem ao Frei
Irineu Costella. Nasci e cresci sob a criação de uma pessoa católica e aprendi,
na convivência com ela, que, nas maiores dificuldades, ela sempre rezava para
Santo Antônio. Quando perdia objetos ou tinha dificuldades de encontrar algo,
ela rezava para Santo Antônio. Esse carinho a Santo Antônio, seu Santo
favorito, ela sempre passou aos seus seis filhos. Se chegarmos na casa de minha
mãe, vamos encontrar diversas coisas que simbolizam o dia 13, dia de Santo
Antônio, e nesse dia ela sempre está lá na Igreja Santo Antônio, no Bairro
Partenon, rezando e trazendo pãezinhos para seus filhos, que não podem ir ou
não lhe acompanham. Ela me dizia de sua satisfação, vendo uma Casa política
sair daquela normalidade, das discussões de Porto Alegre, e fazer uma reflexão
um pouco mais profunda, fazendo um reconhecimento e uma homenagem a uma pessoa
que, talvez, representa mais para ela e para alguns, do que aqueles assuntos
cotidianos de nossa Cidade. Como dizia minha mãe, o Frei Irineu é um homem
muito bom, é um Santo. Eu lhe dizia: mas, mãe, um santo é um santo. Frei Irineu
é um Santo. E quando eu chegava aqui, e olhava as galerias lotadas, e o Ver.
Isaac Ainhorn muito bem disse que aqui nesta Casa já vivenciamos outros grande
momentos, de políticos, de autoridades sendo homenageadas, e aquelas pessoas
que vinham aqui e lotavam as galerias tinham interesse, e até é normal, nessa
relação com políticos, empresários ou com essas autoridades, mas aqui é
diferente, as pessoas que aqui lotam as galerias são pessoas que, talvez, vêem
o Frei Irineu como um Santo, um homem bom. As pessoas vêm pelo prazer de poder
dividir esta homenagem que esta Casa faz numa proposição de extrema
sensibilidade do Ver. Juarez Pinheiro, que é uma característica do Ver. Juarez
Pinheiro, um homem preocupado com a cidade de Porto Alegre, com as coisas da
Cidade, mas, também, preocupado com aquelas coisas que têm uma importância
maior que o cotidiano da Cidade. E nos proporcionou, o Ver. Juarez Pinheiro,
esta oportunidade de nós aqui podermos dividir um pouco disso, de podermos
repassar o sentimento que, talvez, no dia-a-dia não conseguimos demonstrar, mas
que todos nós temos, como dizia o Ver. João Carlos Nedel, esse nosso lado
cristão - tão bem acentuado pelo Ver. Luiz Braz.
E
quando nós que acompanhamos a sua vida, um pouco mais distantes, mas sabemos da importância daquelas causas sociais, do
seu trabalho com os jovens, trabalhando com os idosos. Eu vejo a Maria Helena,
isto me entusiasma. Claro que nós sabemos que o Estado é que tem a obrigação de
fazer isso, e eu não falo do Governo que está-nos governando neste momento,
não! Essa é uma tradição, é uma cultura de todos os governos brasileiros, que
talvez pelas suas dificuldades naturais não possam dar atenção devida aos
idosos, às crianças. E quando eu vejo a sua obra, Frei Irineu Costella, isso me
dá uma alegria muito grande. Alguém está fazendo com coração, com sentimento
cristão, este justo trabalho social. Então, isto, seria sem dúvida alguma,
talvez, o maior motivo para que nós pudéssemos, representando a cidade de Porto
Alegre, fazer esta homenagem, e o reconhecimento deste título. Um homem bom, um
homem santo, um homem justo, um homem que cuida dessas crianças e dá
oportunidade para os idosos. Nós não estamos homenageando o cristão, nós
estamos homenageando quem de fato age como cristão. Parabéns. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Carlos Alberto Garcia está com a
palavra e falará em nome da Bancada do PSB.
O SR. CARLOS ALBERTO GARCIA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda
os componentes da Mesa e demais presentes.) Hoje é motivo de júbilo para nós -
e falo em meu nome, em nome da Bancada
do Partido Socialista Brasileiro e em nome do Ver. Hélio Corbellini. Lembro que
o nosso Partido tem uma pomba, um símbolo, e estamos na época de Pentecostes,
um momento oportuno de iluminação. Por isso, Frei Irineu Costella, neste
momento de alegria, sinto-me à vontade, porque, olhando inúmeras pessoas aqui,
parece que estou em casa, até porque sou morador do bairro, moro na mesma rua
da igreja. A minha maior convivência com a Paróquia Santo Antônio aconteceu há
19 anos, em 1980, quando a minha esposa, Rosa, e eu tivemos a felicidade de ser
convidados para fazer um Encontro de Casais com Cristo. Lá nós vivemos um dos
melhores momentos de nossa vida, descobrimos a verdadeira amizade. Muitas
pessoas que estão aqui sabem que a minha filha, que tem 17 anos, desde a idade
de 15 anos é catequista - eu digo que ela é
filha e neta das catequistas daquela Paróquia. A Rosa entrou em uma missão nova da Igreja neste ano, a missão
popular. O importante é que a Igreja tem essa inserção, ou seja, um lugar de fé,
de amizade e de convívio, é o lugar que reflete a sociedade. Eu sou ainda da
época do Frei Antônio de Caxias, do Juca, do Afonso, mas o Frei Irineu Costella
mudou aquele conceito paroquial. Aquele rótulo de que dia 13 é o Dia de Santo
Antônio ficou cada vez mais forte, porque antes o Dia de Santo Antônio era
somente em 13 de junho, e ele, por ser
um grande marqueteiro, disse que todos os dias 13 seriam de Santo Antônio e,
agora, em todos os meses, no dia
13, há uma romaria. Depois ele disse
que em todas as terças-feiras seria o Dia de Santo Antônio, e agora em todas as
terças-feiras há uma romaria e é no dia-a-dia.
A
missão paroquial com todas as suas ações, com diversas pastorais, faz com que a
comunidade trabalhe em prol dos outros. Esse fator de solidariedade, que é
importante, é quando ocorre de as pessoas se despojarem do seu dia-a-dia e
saber do seu espírito, do seu comprometimento com os outros, porque eu tenho
certeza de que ninguém é feliz só, o homem não nasceu para ser só, o homem
nasceu para viver em coletividade.
Um
outro lugar importante é a Paróquia do Santo Antônio, porque, lá, nós podemos
dizer que é um lugar de todos e não de alguns. É uma casa de abraços abertos
que quer e faz questão de acolher a todos e, com esta nova missão popular, quer
trazer todos. Isso é muito importante.
Frei
Irineu, o Senhor é daquelas pessoas que marcam, porque é hiperativo. O dia,
para o Senhor, deveria ter vinte e seis, trinta horas, porque o Senhor não
pára. Quem conheceu aquele fusquinha, para baixo, para cima, em tudo que é
lugar!?. O Senhor é daquelas pessoas que não é somente evangelizadora, o Senhor
é empreendedor, administrador, porque mudou a “cara” daquela Paróquia. Mas o
Senhor é sempre aquele peregrino em busca do seu rebanho.
Se
o Senhor está feliz, eu posso dizer, sem sombra de dúvida, a Cidade está mais
feliz, porque, hoje, esta Cidade tem mais um Cidadão Emérito, alguém que luta e
busca esta sociedade como um todo. Por isso, Frei, nós desejamos que Cristo
continue cada vez mais lhe iluminando, essa sua luta por uma sociedade mais
justa e fraterna. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra
e falará em nome do Partido da Frente Liberal.
O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente, Srs. Vereadores. (Saúda
os componentes da Mesa e demais presentes.) Caríssimo Frei Irineu Costella,
nosso Cidadão de Porto Alegre.
Vejam
bem os Senhores, que nos deram esta alegria de superlotar as dependências desta
Câmara, que se tornam acanhadas para receber os amigos do Frei Irineu Costella.
Vejam bem que triste peça o destino me prega esta noite. Frei Irineu,
homenagear-lhe, usando a tribuna, depois que esse brilhante homem público,
destacado jurista da Casa, Juarez Pinheiro, já o fez com o brilho que lhe é peculiar,
depois de ter ocorrido essa sucessão de pronunciamentos, que começaram com o
Ver. Isaac Ainhorn, que prosseguiram com o Ver. Luiz Braz, com a Vera.
Maristela Maffei, com o Ver. João Carlos Nedel, com o Ver. Fernando Záchia e
com o Ver. Carlos Alberto Garcia, só a Bíblia pode socorrer-me, quando me
socorro lembrando que os últimos serão os primeiros. Mas, primeiro em quê? Não
na oratória, não no sentimento, não na empolgação porque, nisso tudo, nos
dividimos nessa área. Cada um querendo chegar mais perto do amigo e
agradecer-lhe por nos ter permitido engalanar, de maneira esplendorosa, a
galeria dos cidadãos de Porto Alegre, incluindo o seu nome, a sua pessoa, a sua
figura, que bem representa esse espírito de fraternidade, de solidariedade, de
humanismo que foram decantados pelos oradores que me antecederam. Quero ser o
primeiro a reconhecer, disso, não abro mão, a reconhecer que a mãe do Ver.
Fernando Záchia tem razão: o Senhor é um santo. Posso afirmar que o Senhor é um
santo e o Papa que me perdoe porque, apesar de não ser um cristão e um católico
tão militante, mais ou menos na faixa do Ver. Braz, posso reafirmar que conheço
as regras do Direito Canônico que levam à beatificação e à santidade. Sei que é
necessária, entre várias premissas, a existência do milagre comprovado. Sou
felizardo neste particular. Posso ser o primeiro a testemunhar que o Frei
Irineu Costella já produziu milagres. Um deles, lembro-me da data, 1º de
outubro de 1997; local, Salão Paroquial da Igreja de Santo Antônio, do Partenon,
Rua Luís de Camões. Milagre semelhante àquele que nosso Cristo, na
multiplicação do pão e do peixe, produziu. Aquela transformação daqueles
quatrocentos pãezinhos que eram destinados à festa do meu aniversário, o pão
bento que o senhor distribuiu com os seus amigos necessitados do Bairro
Partenon, é o primeiro dos grandes milagres que o senhor realizou, e eu sou a
primeira das testemunhas.
Frei
Irineu, eu me permito fazer essa referência, porque o senhor há de convir
comigo, poucos ou nenhum são os ângulos que podem ainda ser invocados nesta
hora.
Pela
primeira vez, em toda a história desta Câmara, eu não vou protestar com o Ver.
Nereu D’Ávila por ter soado essa campainha, que me desagrada profundamente,
quando me encontro na tribuna, ela me alerta do fim do meu pronunciamento.
Afinal, eu não tinha muito mais coisas a acrescentar, a não ser lhe dizer que o
Senhor facilita a nossa vida, de todos os cristãos desgarrados, que vemos essa
sua forma de evangelizar com amor, com bom humor, com um sorriso nos lábios,
com o coração aberto, com uma gigantesca comprovação da qualificação dos seus
valores pessoais.
O
Ver. João Carlos Nedel disse que a Sra. Rosina, sua mãe, deve ser muito feliz
com o Senhor e nós somos muito mais felizes com ela que o criou e nos deu condição
de tê-lo como amigo, como irmão, porque nem o Ver. Juarez Pinheiro vai
conseguir me convencer de que estou homenageando o sacerdote e o cidadão,
porque, perdoe-me Vereador, eu vim,
hoje, aqui, homenagear o meu amigo, o meu irmão, aquele homem que me
compreende, que me entende como sou e não como os estereótipos estabelecem E eu
juntamente com o Sérgio Souza, Presidente do nosso Rotary Clube Partenon, que
está aqui conosco e que representa inclusive aquele nosso velhinho querido, o
Sr. Orvaldo Horle, que mostra que o senhor é um ecumênico e, antes que qualquer
outro tivesse pensado nesta Cidade, porque consegue fazer um evangélico, o
tesoureiro da sua comunidade. Nós todos, o Hermes Dutra, essa figura
encantadora de paroquiano que o Senhor tem, que inclusive um dia me fez até pôr
em dúvida a eficácia da democracia, quando o povo equivocadamente não o
reconduziu para esta Casa, onde ele havia realizado um grande trabalho. Todos
nós, o João Severiano, o pequeno-grande polegar, enfim, a Maria Helena, todos
nós, certamente, e eles vão-me dar razão, eles não vieram aqui homenagear o
sacerdote, nem o cidadão de Porto Alegre, eles vieram aqui felizes, como feliz
o Senhor é, homenagear o amigo, o companheiro, o irmão que nos abre o coração e
nos faz crer que, com amor cristão, que este mundo, queiram ou não queiram,
haverá de ser melhor, com o nosso esforço, com a nossa solidariedade, com a
nossa fraternidade e com o nosso amor. Muito obrigado, Irineu, por ter-nos
permitido fazer mais rica de amor e de fraternidade a galeria de cidadãos de
Porto Alegre. (Palmas.) Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Para abrilhantar ainda mais esta
Solenidade, ouviremos agora as músicas “Heimat” e “Ay Aguita de My Tierra”,
interpretadas pelo Coro Masculino 25 de Julho. Foi-me requerido e eu defiro ao
Sr. Arlindo Malmann que possa, em breves palavras, explicar o que ele mesmo vai
efetivar neste momento.
O SR. ARLINDO MALMANN: (Saúda os componentes da Mesa.) Vamos
executar uma canção alemã, denominada “Heimat”, que significa lar e pátria. Em
25 de julho de 1824, chegavam ao Rio Grande do Sul - dia 18 em Porto Alegre, e
dia 25 em São Leopoldo - os primeiros alemães. Cinqüenta anos depois, chegaram
os primeiros italianos. Assim como o Frei Irineu Costella se sente hoje
acolhido pela comunidade de Porto Alegre, todas as etnias, desde a alemã,
passando pela italiana, a polonesa, a ucraniana, e as demais, se sentiram
acolhidas pelo Rio Grande do Sul, pela Cidade de Porto Alegre, que hoje é uma
verdadeira comunidade de nações, onde todos se sentem um pouco Frei Costella no
dia de hoje. Então, com todo esse sentimento, nós vamos cantar a música
“Heimat”, para traduzir a acolhida que todas as etnias tiveram um dia neste
Estado, alegrando-nos, também, como Porto Alegre, por tê-lo como Cidadão
Emérito. Muito obrigado. (Palmas.)
(Apresentação
do Coro Masculino 25 de Julho.)
O SR. PRESIDENTE: Queremos, pela evidência das
manifestações, parabenizar a este Coro Masculino do 25 de Julho pelas
brilhantes apresentações, bem como ao seu maestro Agostinho Ruschel.
Sras.
e Srs. Vereadores, senhoras e senhores presentes, chegamos ao ponto alto desta solenidade, quando
procederemos à entrega do título de Cidadão de Porto Alegre ao Frei Irineu
Costella. Para isso, convidamos o nobre Ver. Juarez Pinheiro, proponente da
homenagem, para comparecer à Mesa, a fim de, juntamente com o Sr. Prefeito,
proceder à entrega do título e da medalha ao nosso homenageado.
(É
feita a entrega do título.) (Palmas.)
Temos
a honra de conceder a palavra ao Exmo.
Prefeito Municipal, Sr. Raul Pont.
O SR. RAUL PONT: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais
presentes.) Nós queríamos, em nome do Governo do Executivo, do Governo
Municipal, e tenho a certeza de que falo pela nossa Cidade, de nos irmanarmos a
esta bela homenagem prestada pela Câmara Municipal de Porto Alegre, ao
conceder, ao Frei Irineu Costella, o título de Cidadão de Porto Alegre. Esse
título é concedido não apenas em função das pessoas que aqui aportam e desenvolvem
as suas atividades, as suas funções, vindas de outras partes do nosso Estado,
do País ou do mundo, mas ele traz consigo, também, a expressão do
reconhecimento, do trabalho e do significado deste trabalho desenvolvido em
prol da nossa Cidade.
Frei
Irineu Costella é uma dessas pessoas que tem a capacidade de imantar, de
reproduzir e fazer com que o
conjunto de sua comunidade religiosa, mas que vai além disso, se engaje na ação
social da sua paróquia e do compromisso cristão que, também, está presente no
cotidiano da sua obra, do seu trabalho e daquilo que realiza. Nós queríamos
cumprimentar o Frei Irineu Costella em nome da cidade de Porto Alegre, e dizer
que este reconhecimento da Câmara é partilhado por todos nós, não apenas pelos
seus paroquianos, porque senhor tem dado o verdadeiro exemplo de um cristão,
que não é apenas emocionar as pessoas pelas palavras, mas conduzi-las e
arrastá-las pelo próprio exemplo. Este trabalho que o senhor realiza é um
trabalho essencialmente exemplar.
É
isto que justifica esta grande presença dos seus paroquianos, de pessoas
amigas, de seus familiares nesta bela homenagem. É exatamente por esta
capacidade de dar o exemplo, de unir a intenção e o gesto no seu trabalho que
está justificada esta homenagem que a Cidade lhe presta.
Parabéns,
e que todos possamos acompanhar e ter neste exemplo um paradigma do nosso
trabalho, da nossa ação, também no nosso cotidiano. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Temos a satisfação de conceder a palavra
ao nosso homenageado, já Cidadão de Porto Alegre, Frei Irineu Costella.
O SR. FREI IRINEU COSTELLA: (Saúda os componentes da Mesa.) Querida
mãe, irmãos, amigos e devotos de Santo Antônio. Se, no passado, na minha
querida Vila Flores, alguém dissesse que um dia eu estaria aqui nesta tribuna,
recebendo esta homenagem ímpar de ser cidadão de Porto Alegre, certamente,
ninguém acreditaria, e nem eu, é claro. E por isso mesmo, a minha primeira
palavra é de profundo agradecimento. Agradecimento ao Vereador, amigo, Juarez
Pinheiro, a sua Assessoria, porque foi também da sua assessoria esta idéia.
Agradecimentos aos Srs. Vereadores que aprovaram, de minha parte, esta
imerecida homenagem. Que mérito tem afinal um simples Frade Capuchinho, para
receber tão distinguida honraria? Se mérito existe é somente este: animar,
coordenar e partilhar as tarefas e responsabilidades, unidos pela mesma fé,
seguindo os ensinamentos do Cristo, através do grande pregador de sua palavra:
Santo Antônio. Este Santo, um dos mais populares da Igreja católica, sempre
intimamente ligado aos mais fracos e aos que mais precisam de ajuda é o
causador, autor desta homenagem. Sua festa, celebramos no dia 13 de junho e já
está incluído no calendário de eventos de Porto Alegre, através de lei aprovada
por unanimidade desta Casa, proposta também pelo Ver. Juarez Pinheiro. E
tivemos a alegria de contar com o Prefeito
assinando, no dia 25 de abril do ano que passou, lá na própria Paróquia.
Este Santo, cuja imagem está no gabinete da
Presidência, dos Vereadores desta Casa - aliás, sua chegada na Casa do Povo,
até hoje, tem mistérios insondáveis, pois muitas imagens, no trajeto até o
gabinete do Vereador, se evaporavam. Isto, Ver. Reginaldo Pujol, não era
milagre. Era a forma, meio matreira, que alguns devotos encontravam para ter a
imagem, também na sua casa.
Sr.
Presidente, Sr. Prefeito, Srs. Vereadores, de 1974 a 1977, estudante de
Teologia na PUC e de Filosofia UFRGS, dedicava os fins de semana para a
Paróquia Santo Antônio do Partenon. Confesso que nunca me entusiasmei muito em
ir trabalhar lá depois de formado. Prometi aos meus colegas que não voltaria,
era o único lugar que não queria, pois não via horizontes no que lá se fazia.
Ordenei-me sacerdote em quatro de dezembro de 1977. Foi o dia mais feliz da
minha vida, pois desejava muito ser sacerdote. Desde pequenino sonhava em ser
capuchinho, e minha vocação era estimulada pelo testemunho e presença dos
freis, junto ao povo, em Vila Flores, então Município de Veranópolis. Quando os
freis visitavam minha família, suas presenças era uma festa, mas quando saíam
parecia que a festa terminava. E daí, quem sabe, o meu gosto por festas. Sou
sacerdote pela obra de Deus e pela fé de meus pais, uma família pobre, que
trabalhava a terra, diuturnamente, ainda o faz, e, com isso, custeava minhas
despesas no seminário. Sou o que sou graças à minha família que, desde cedo, me
ensinou a alegria de trabalhar, o valor da fé, a esperança e o empenho
cotidiano. Ensinou-me a amar pelo amor
que recebi. Se faltou em nossa família bens materiais, foram compensados pelo
quase excesso de carinho, ternura, fé e esperança. Obrigado, querida mamãe e
irmãs, que trabalharam muito duro por mim. Dos Freis Capuchinos só recebi a
educação, que deu continuidade à obra da família, acrescentando-me também a
teimosia que chamo de santa esperança. Sacerdote, então, fui trabalhar em
Caxias do Sul, onde fiquei por sete anos, depois fui designado para trabalhar
em Porto Alegre. Fui parar justamente na Paróquia Santo Antônio do Partenon. O
tempo ajuda, graças a Deus, para
esquecer. Embora muito bem recebido pela comunidade, foi um período muito
difícil. A tomada de decisões para o bom
andamento do trabalho que eu iria iniciar, que não sabia bem por onde
andar e onde iria continuar, exigiu, muitas vezes, longos períodos de
convencimento, mas todos responderam afirmativamente, a começar pelos confrades
que, repartindo atividades, contribuíram para levar adiante a caminhada da fé.
No
princípio era a ausência até de recursos. Os cartazes eram feitos,
recortando-se letras garrafais de jornais. A tiragem não passava de dez, eram
xerocados. Mas o que era pior: a multidão de fiéis que se esperava, não
aparecia. Ao prepararmos a festa de Santo Antônio, em 1984, encomendamos vinte
imagens de Santo Antônio, com o cuidado de fazê-lo em consignação. No fim,
vendemos uma, outra quebrou e devolvemos dezoito imagens, mas a mão de Deus se
fez presente através do casal Roque e Alice, Alice in memoriam que ficaram conhecidos como o casal treze. Eles
sugeriram celebrar mensalmente em todos os dias treze, o Dia de Santo Antônio.
A primeira celebração ocorreu em março de 1985. Compareceram algumas dezenas de
fiéis, invocamos o Santo e repartimos o pão. Logo após a celebração, uma
Senhora apareceu e disse: “Frei, não se preocupe, vieram poucas pessoas, mas
vamos perseverar, o povo vai participar”. O Frei Isaías Borghette sempre
disponível e incentivador sugeriu o seguinte slogan: “Dia 13 não é dia de azar, é dia de Santo Antônio”. Mas o
que pretendíamos? Queríamos reunir pessoas para rezar. Era mais uma tarefa que
um objetivo. Em 1986, estávamos melhor equipados, a miséria continuava, mas já
não era tanta e os fiéis começaram a aumentar. Em 1987, mantivemo-nos fiéis,
sob sol, chuva, em época de férias, em feriados, pouco importava, o povo
começou a gostar das celebrações, pois, se os motoristas de ônibus estavam em
greve, o povo subia a lomba a pé. Desde então, o dia treze é uma festa, onde há
santinhos, cartazes, cartazetes - como algumas pessoas gostam de ouvir falar,
livretos, distribuição de imagens de Santo Antônio, em pontos de reunião de
público, como escolas, casas comerciais, locais de prestação de serviços,
que vão alardeando o acontecimento e
fazendo crescer a fé. A expansão da fé nós creditamos muito aos comunicadores
de nossa Cidade que, a partir de 1993, se integraram de tal forma em sua
divulgação que hoje já fazem parte de todas as atividades, não apenas da festa
anual, mas também da festa mensal, e logo estarão também na festa semanal.
O
Santo é amigo de Deus, porque viveu com fidelidade heróica, ele é testemunha.
Quem se diz devoto, necessariamente deve ler e praticar a palavra como ele
procedia. Auxiliar os pobres, repartindo com eles o pão, contribuindo para a
unidade e harmonia da família. Ele é um modelo no seguimento de Jesus. Quem é
devoto deve-se assemelhar a ele. Velas, pão, imagens, terços, são símbolos
úteis e tantas vezes necessários. Mas, o essencial é viver o amor, sem ele tudo
o mais é vão e inútil, “amai-vos uns aos outros como eu vos amei”. É o único e
grande Mandamento do Santo de todos os Santos, o Filho de Deus que é o Cristo.
Ele está na Bíblia, ele está em cada um de nós. Está onde dois ou mais se
reunirem. Está também no Sacrário, lugar de honra do Templo, vivo e atento às
visitas. Ele deve ser o primeiro a ser visitado, depois o seu criado, Santo
Antônio. Se é verdade que muitos chegam ao Santo para pedir, não é menos
verdade que muitos também vão para agradecer, desde objeto de estimação achado,
é verdade, Ver. Fernando Záchia, e que foi encontrado após uma oração ao Santo,
até a segurança e a felicidade matrimonial.
Mas,
agora, para onde caminhamos? Para as obras? Fizemos muitas como expressão da
fé. O pavilhão de esportes, as lojas da Luís de Camões e o Centro de Catequese.
Todas frutos inteiramente do trabalho, amor e dedicação dos amigos e devotos de
Santo Antônio. Nosso rumo, agora, foi muito bem recordado pelo Ver. Juarez
Pinheiro, são as Casas de Passagem, dentro da campanha IDOSOS E FELIZES. Sonhamos em criar cinco casas, espaços
de convivência, cultura e lazer para idosos. Serão locais para onde os idosos
irão, pela manhã, quando quiserem, para, ao longo do dia, dedicarem-se à
convivência, atividades em favor de outros e sobretudo desfrutarem da alegria
de serem felizes num lugar onde serão respeitados e, ao fim do dia, retornarão
a suas casas. Esta campanha, que vem desde maio de 1966, já nos possibilitou
adquirir cinco terrenos, todos próximos
à paróquia, sempre graças à generosidade dos amigos e devotos. Queremos, em breve,
inaugurar a primeira casa.
A
obra de fé, que vai adiantada no Morro Santo Antônio, deve-se a tantos quantos
acreditam ser possível deixar este mundo melhor do que o encontramos. Como fez
Santo Antônio. A força da fé leva as obras. Em nossa paróquia, aos freis só
cabe abençoar e animar a fé. Tudo o mais, noventa e nove por cento está nas
mãos e no coração dos leigos, do povo e dos devotos de Santo Antônio. Se alguém
dúvida, pergunto: quem é que prepara a liturgia? Quem zela pelo templo, desde a
limpeza e a conservação? Quem divulga? Quem grava as fitas, os CDs? Quem
imprime os santinhos, folhetos, cartazes? Quem pinta os painéis? Quem visita e abençoa as famílias e
residências? Quem visita os doentes a domicílio? Quem anima a oração e a
comunidade? Quem atende aos pobres na comunidade? Quem dá as razões da fé? Quem
prepara o batismo e a catequese? Quem, junto com os Freis, abençoa o povo? Quem
anima a juventude? Quem prepara e faz acontecer os “Dias 13”, desde a liturgia
até o chá, passando pela acolhida e, não sendo apenas aquele dia, em dias
anteriores? Quem estabelece a relação comunidade-comunicador? Quem faz a
mediação Cristo-povo? Quem zela cotidianamente, desde a secretaria até fechar o
templo? Quem cuida do projeto “Casas de Passagem Idosos e Felizes”? Quem paga o
carnê de R$ 13,00, pagos até o dia 13 de cada mês, durante 13 meses? Quem
deposita esses valores nos bancos? Quem deposita junto ao altar, ranchos,
roupas, calçados para os pobres? Quem doa o pãozinho em quantidade, além do
Ver. Reginaldo Pujol, todas as terças-feiras, dos dias 13? Quem paga os
impressos e folhetos em geral? Aqui não tem milagre. Quem se empenha pela
segurança? Quem colocou a festa de Santo Antônio no calendário de eventos? Quem
sugeriu celebrar, mensalmente, o Dia de Santo Antônio? Quem sugeriu a
celebração às terças-feiras? Quem? Quem? Quem? Um mundo de pessoas, muitas
anônimas, que compartilham inúmeras atividades na Paróquia de Santo Antônio. Os
Freis, sozinhos, nada podem fazer. Por isso, o povo, os senhores e as senhoras
são os verdadeiros destinatários do título que, em nome de todos, hoje recebo.
Receber homenagem é sempre um desafio: além de indicar que vivemos bom tempo,
sugere-se que se faça mais na direção acenada, mesmo que ninguém cobre por
isso. O título nos diz: devotos e amigos de Santo Antônio, edifiquem,
urgentemente, as casas de passagem para que os idosos, em número sempre
crescente, tenham dignidade, utilidade e realização. Isso, porque levamos muito
a sério a proposta cristã. Esperamos, um dia, estar entre aqueles eleitos,
ouvindo: “Vinde, benditos de meu Pai, porque tive fome e me destes de comer;
tive sede e me destes de beber; era peregrino e me acolhestes; nu e me
vestistes; enfermo na prisão e me libertastes.”
Muito
obrigado, ao Ver. Juarez Pinheiro, Vereador e amigo e a sua assessoria, autor
desta proposta e aos demais Vereadores que a validaram. Agradeço as palavras
carinhosas dos Vereadores.
Ver.
Isaac Ainhorn, o povo veio, aqui, em quantidade, porque queria saber se o
Título seria uma propriedade privada. Não. O Título é coletivo, é de todos os
devotos, é de todos, gosto de reparti-lo com todos, porque meu é muito pouco.
Ver.
Luiz Braz, sim, hoje avancei um pouco mais. Proteger a vida é a forma melhor de
seguir Cristo e nós temos essa obrigação, através desse pão que é repartido,
aquelas palavras de Jesus que ouvimos: “Dai-lhes vós mesmos o de comer.” Todo
dia, desde o pão que é distribuído, os alimentos perecíveis, até a tentativa de
contribuir com as mudanças das estruturas. Proteger a vida. Vamos pedir a Deus
que toda a forma de vida seja guardada e que paremos com a insanidade da
guerra, nunca justificada.
Vera.
Maristela Maffei que, ardorosamente, com todo o entusiasmo e vibração, fala, é
verdade: adorar verdadeiramente: é preferível adorar verdadeiramente um falso
deus do que adorar falsamente o Deus verdadeiro. Deus olha o coração, a verdade
que sintonizamos e é o que acreditamos verdadeiro.
Ver.
João Carlos Nedel, é verdade, a tradição da batina contribui muito, porque vai
muito além dos méritos pessoais, que não ajudam muito, mas lembra Francisco,
lembra Antônio e aí, abre portas. Não é o Frei Irineu, mas é São Francisco, é
Santo Antônio e são os amigos que sempre sabem ir à frente para fazer esse
trabalho.
Estou
um pouco preocupado com o Ver. Fernando Záchia e com o Ver. Reginaldo Pujol.
Bem, quanto ao milagre, é verdadeiro, mas é obra de Santo Antônio, agora, os
dois, a mãe tudo bem, mas os dois deverão se confessar, porque eles disseram
que eu sou santo, e isso é uma mentira pública, mas depois o Frei Adão estará
lá na Paróquia para atendê-los com esta mentira aqui que todo mundo vai saber
que não é verdade.
O
Ver. Carlos Alberto Garcia, sim, é verdade, todos os dias 13, todas as
terças-feiras, mas bom que a gente sabe, é que já é todos os dias. Todos os
dias os devotos de Santo Antônio chegam e perguntam o que se pode fazer. O
Cristianismo é sobretudo fazer. E Jesus começou assim, crer é fazer. É crer com
as mãos, é crer com os pés, é crer com o coração, é passar adiante a palavra,
ela é vazia se não é realizada, se não é traduzida em obras. Nós hoje, já não
poderíamos mais falar em crer em Deus, mas fazer acontecer Deus, fazer
acontecer a Igreja, o povo de Deus, e nisto esta Casa, sempre muito acolhedora,
incentivadora, contribui para que esse fazer Deus, fazer acontecer a fé, se
faça no dia-a-dia. Este povo, estes devotos de Santo Antônio, que aqui estão,
representando muitos outros, sabem fazer isto.
Muito
agradecido a Deus, muito agradecido a esta Casa que sempre me acolhe com muito
carinho, com muita ternura, as portas que se abrem sempre, a Prefeitura, também
que nos apóia, em tantas ocasiões, e ao povo e aos devotos de Santo Antônio que
para cá vieram para ver de quem seria o título, mas também por outra coisa,
para saber o que teríamos que fazer pela frente. Já trabalharam bastante ontem,
trabalham muito hoje, e eu prometo mais trabalho para amanhã, já para a festa
de Santo Antônio. Então, muito obrigado, todos os amigos vejo-os aqui, são
todos meus amigos, se não se consideram tanto, creio que eu os considero porque
tenho mais facilidade de conhecê-los, muito obrigado por esta ternura, por este
carinho, por este bem-querer manifesto à Paróquia Santo Antônio e à proposta de
fé que todos nós partilhamos. É o
Vereador de um modo especial, Juarez Pinheiro, que quando aqui a gente vem,
somos convidado a sentar à Mesa, desde o tempo em que Ver. Luiz Braz ocupava a
Presidência Muito obrigado ao povo da Paróquia Santo Antônio, aos amigos e
devotos de Santo Antônio, pelo acompanhamento diário que nunca negam, e que
sempre se dispõem a realizar; a Deus,
que é Pai, que é Filho, que é Espírito Santo por me dar essa imensa alegria,
que é servir. Muito obrigado. Amém, assim seja. (Palmas.)
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Antes de, oficialmente, terminarmos
esta maravilhosa homenagem, queremos convidar a todos para, após o termino da
nossa Sessão, se dirigirem ao saguão, onde será oferecido um coquetel.
Agradecemos
a presença de todos os cidadãos e cidadãs da nossa Cidade, em especial à
comunidade do Bairro Santo Antônio, aos paroquianos do Frei Irineu Costella, a
S. Exa. o Sr. Prefeito Municipal, que,
também, nos honrou com sua presença nesta noite. Não poderia encerrar, também,
sem dizer da nossa satisfação por contarmos com a presença dos ex-Vereadores
João Severiano e Hermes Dutra, sempre colegas nossos, e que muito trabalharam
pela nossa Cidade. Finalizando esta Sessão Solene convidamos a todos para, em
pé, cantarmos o Hino Rio-grandense.
(Executa-se
o Hino Rio-Grandense.)
Estão
encerrado os trabalhos da presente Sessão.
(Encerra-se
a Sessão às 21h15min.)
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